José Jacob Bensabat contou em 1929 que, dias depois da implantação da República, correu na vila a notícia de que os revolucionários da Ericeira iriam ser fotografados para a posteridade por José Maria da Silva. A fotografia, preparada às duas horas da tarde em casa de Figueiredo Cardoso, surpreendeu o antigo delegado marítimo do porto da Ericeira.
“À hora aprazada, dirigi-me a casa do Dr. Figueiredo Cardoso; e, quando lá cheguei, ao primeiro golpe de vista, vi algumas pessoas que estavam para fazer parte do grupo a fotografar, as mesmas pessoas que, quando El-rei, tempos antes, havia vindo à Ericeira, em visita oficial, eu havia visto seguindo o cortejo, desde o [Largo] do Jogo da Bola até São Sebastião, de chapéu na mão, dando vias a El-rei e à monarquia.” Coordenando as operações, estava o dono da Photographia Portugueza.
A publicação da imagem em “O Século” entristeceu Bensabat. A legenda referia: “Grupo de revolucionários republicanos da Ericeira”, mas, “durante os 14 anos que residi na Ericeira, [nunca] me constara que houvesse na localidade revolucionários deste ou daquele partido!” Podemos hoje observar esta fotografia, devidamente restaurada, no Arquivo-Museu da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, juntamente com a impressionante colecção de postais do mesmo autor.
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