As obras iniciaram-se em 1717, ano do lançamento da primeira pedra e a 22 de Outubro de 1730, dia do 41º aniversário do rei, procedeu-se à sagração da basílica.È o mais significativo monumento do barroco em Portugal, integrando um Paço Real, uma Basílica, um Convento Franciscano e uma importante Biblioteca, síntese do saber enciclopédico do séc. XVIII.A construção, que chegou a envolver mais de 50 mil homens, só terminou, oficialmente, em 1750, com a morte do rei,embora muitos pormenores só viessem a ser concluídos nos três reinados seguintes.
As dificuldades para manter os trabalhadores foram enormes chegando a ser tomadas medidas drásticas, para castigar os fugitivos. Os que fossem apanhados teriam de trabalhar 3 meses sem receber pagamento e se fossem reincidentes, esperava-os as galés e açoites.
Acomodaram-se nesta obra as pessoas em casas de madeira que se construíram e foram abatidas depois da obra concluída, numa área superior ao Terreiro do Paço.
Da enorme massa de trabalhadores envolvida, muito adoeceram e morreram, tendo D.João V determinado que ás famílias de cada um dos mortos de desse uma esmola de 3 mil réis, um hábito para ser amortalhado, uma cova e cinco missas por alma.
Foram realmente tempos de trabalhos forçados, muitos homens reduzidos á condição de escravos, obrigados a deixar as suas terras e famílias para trabalharem numa obra, que apenas era do gosto do rei.
Imensos problemas com demoras nos pagamento aos trabalhadores e ajustamento de trabalho com mestres de ofício, fizeram atrasar a obra que afinal não agradava a ninguém para além do próprio rei.
Os religiosos do convento também se queixavam, do sítio onde foi edificado, que nem agradava á família real, que o rei tinha dificuldade em conseguir que o acompanhassem a Mafra. Transferência de festas importantes para Mafra foi outro dos subterfúgios a que D.João V se socorreu para tentar tornar Mafra um local bem querido e importante.
Mesmo com a construção por acabar em 1733 resolveu ali festejar o seu aniversário, que habitualmente se festejava no Paço da Ribeira, o que igualmente havia acontecido no ano anterior, quando em meados de Outubro uma grande tormenta quebrou os vidros do convento, logo o rei mandou para Mafra, oficiais e vidraceiros, para que sob pena de prisão, tivessem tudo pronto na véspera do seu aniversário em 22 de Outubro, nessa altura só os camaristas o acompanharam, permanecendo os demais cortesãos em Lisboa.
Quando o rei adoeceu em 1742, Mafra ainda não estava totalmente concluído, mandando el-rei arrematar a obra por 625.000 cruzados , com um prazo de 8 anos para a sua finalização.
Em 1744 decidiu mandar comprar as quintas e casais num perímetro de 3 léguas em torno do edifício, para fazer uma cerca para os padres do convento e para mandar fazer uma tapada, para onde o príncipe D.José pudesse ir a caça, para "o ver mais vezes naquele sítio".
Parece que o príncipe herdeiro contudo, preferia caçar coelhos na real tapada de Alcântara.
"(O Convento de) Mafra levou treze anos a fazer. A média dos operários empregados em cada dia na construçãoda obra monta a vinte mil. Para cortar a montanha que fica a sul do edifício davam-se, diariamente, mil tiros e gastavam- se quatro mil quilos de pólvora. O edifício tem quarenta e cinco mil portas e janelas, oitocentas eoitenta salas, duas torres de 68 metros de altura e cento e quarenta e quatro sinos, um zimbório e dois torreõestão vastos que no andar de qualquer deles se aloja a família real quando vai caçar a Mafra. As cozinhascompõem-se de sete grandes casas, a das hortaliças, a dos peixes, a da pastelaria e outras. Na cozinha grande,forrada de azulejos e cercada de torneiras de bronze, há duas enormes chaminés destinadas a mover os caldeirõesem cada um dos quais se podia cozer um boi (…)"
Ramalho Ortigão (adaptação)
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