foral da Ericeira |
O burgo piscatório recebeu carta de foro em 1229, pelo Mestre da Ordem de Avis, Fr. Fernando Rodrigues Monteiro e foral novo de D. Manuel a 31 de Agosto de 1513. Em 1622, Filipe IV de Espanha criou o título de Conde da Ericeira, que atribuiu ao seu mordomo-mor, D. Diogo de Meneses. Iniciou-se aqui um período de desenvolvimento, que teve expressão no património edificado da vila: construção do palácio condal e dos paços do concelho; beneficiação de grande parte dos templos e expansão urbanística.
Município até 1855, o porto ericeirense foi um dos mais importantes da zona ocidental de Lisboa. Da praia dos pescadores, a 5 de Outubro de 1910, embarcou a família real portuguesa rumo ao exílio e, no último século, a vila transformou-se em destino turístico de eleição, característica que mantém até aos dias de hoje.
Município até 1855, o porto ericeirense foi um dos mais importantes da zona ocidental de Lisboa. Da praia dos pescadores, a 5 de Outubro de 1910, embarcou a família real portuguesa rumo ao exílio e, no último século, a vila transformou-se em destino turístico de eleição, característica que mantém até aos dias de hoje.
A população, noutros tempos constituída na generalidade por gente do mar, formou, durante muitos séculos, um grupo étnico-geográfico, denominado jagoz, diferenciado dos restantes habitantes da região saloia. Foi a partir do século XIX que a Ericeira conheceu a sua época áurea, primeiro com o seu concorrido porto e alfândega e, depois, com a arquitectura de veraneio, que ainda hoje singulariza alguns trechos urbanos da vila. O embarque para o exílio da Família Real Portuguesa, episódio que assinala o termo do Regime Monárquico Nacional, fará sempre do Porto da Ericeira um dos locais mais dramáticos da geografia do Concelho de Mafra.
As praias e os pesqueiros, bem como o património monumental e o gastronómico, com base numa variedade de peixes e mariscos, constituem os seus maiores atractivos.
A qualidade das suas praias e as condições propícias para a prática de surf fizeram da Ericeira uma das primeiras reservas de surf a nível mundial e a Praia de Ribeira d'Ilhas é paragem obrigatória para todos os amantes daquela modalidade.
Destacam-se ainda as seguintes festividades: Feira de Santiago (ou dos Alhos), que se realiza a 25 de Julho no Campo de S. Sebastião; Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, no domingo mais próximo de 20 de agosto; Festa de Nossa Senhora da Conceição, que tem lugar na vila a 8 de Dezembro; Festa da Sagrada Família, em Fonte Boa dos Nabos, no mês de Agosto.
JUNTA DA FREGUESIA DA ERICEIRA
Largo de Santa Marta, 9
2655-357 Ericeira
Telef.: 261862982
Fax: 261866159
e-mail: jfericeira@mail.telepac.pt
Site: www.ericeira.org
Ericeira é uma vila turística situada a 35 km a noroeste do centro de Lisboa, a 18 km de Sintra e a 8 km de Mafra. É uma freguesia portuguesa do concelho de Mafra, com 12,19 km² de área e 10260 habitantes (2011). Densidade: 841,7 hab/km².
Reza a lenda que o nome Ericeira significa, na origem, "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. No entanto, investigações mais recentes apontam o ouriço-cacheiro e não o do mar como inspirador do nome. Com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da Vila, hoje no Arquivo-Museu da Misericórdia, confirmou-se que o animal ali desenhado é, de facto, um ouriço-cacheiro.
A história da Ericeira remonta, assim, a cerca de 1000 a.C.. O seu primeiro foral data de 1229, concedido pelo então Grão-Mestre da Ordem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro, que assim instituiu o Concelho da Ericeira.
É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira, estando bem presente o cuidado do legisladorem acautelar os direitos e deveres dos que se encontravam sujeitos às tutelas dos donatários:"(…) Quanto aos pescadores, dêem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no. Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte. De toninhase delfins sem impedimento, em ocasiões de fome (…)".
No século XIII, a baleia, toninha e delfim eram as espécies mais pescadas, tendo dado lugar, já no século XVI, à raia, ao rodo valhoe à pescada. Em 1547, D. João III concede aos pescadores ericeirences a permissão de venderem o peixe "a olho" e não "a peso", costume que ainda há trinta anos se mantinha.
Novas cartas de foro concedidas por D. Afonso IV, em 1369, e por D. Manuel I em 1513, vieram nobilitar a vila concelhia, doada pelo mesmo D. Manuel ao infante D. Luís e por este ao seu filho natural D. António, prior do Crato, forte opositor à tomada do poder real por Filipe II de Espanha. Em 1589, no Forte de Milreu, D. António fez uma gorada tentativa de desembarque de tropas com o objectivo de conquistar o poder.
Em 1855, na sequência de uma reordenação administrativa do território, a Ericeira deixou de ser concelho para ficar na dependência de Mafra, sede concelhia até aos dias de hoje.
A Ericeira conheceu no século XIX, a sua época áurea, enorme incremento, porquanto foi o porto mais concorrido da Estremadura, com alfândega, por onde se fazia o abastecimento de quase toda a província. A antiga importância comercial tem hoje correspondente no notável movimento turístico, resultante da situação e do clima privilegiado de que goza. O embarque para o exílio da família real portuguesa, episódio que assinala o termo do regime monárquico nacional, fará sempre do porto da Ericeira um dos locais mais dramáticos da geografia do concelho de Mafra.
A Ericeira é também conhecida em termos de surf devido às ondas da zona, que os surfistas dizem ser diferentes. Tem praias muito conceituadas para a prática do surf como a Ribeira de ilhas (reserva mundial do surf), praia dos cochos, entre muitas outras. Também e bastante praticado o kyte-surf, wind-surf, bodyboard e surf com remo. A Ericeira é de resto a 1ª reserva mundial de surf da Europa e 2ª do mundo. Esta vila também é boa para os banhistas tendo bastantes hotéis e praias de boa qualidade como a praia dos pescadores, praia do norte e praia de São Lourenço.
Deve-se ao porto da Ericeira o desenvolvimento da vila, noutros tempos habitada quase só por gente do mar, que formou durante muitos séculos um grupo étnico-geográfico denominado Jagoz, diferente dos restantes habitantes da região Saloia. O movimento comercial do porto da Ericeira tornou-o num pólo fundamental da economia da região. Relatos datados de 1834 dão conta de que nesse ano ali fundearam 175 embarcações, que ora transportavam produtos para a vila - principalmente cereais - que de ali eram distribuídos para o interior do país, ora os exportavam para os portos do Algarve, ilhas e outros - especialmente vinhos e seus derivados.
A Alfândega da Ericeira abrangia então uma área que se estendia de Cascais à Figueira da Foz, sendo o seu porto considerado o quarto mais importante do país, atrás dos de Lisboa, Porto e Setúbal. Com a construção do caminho-de-ferro do Oeste e o desenvolvimento dos transportes terrestres, o porto da Ericeira foi perdendo importância. Nos finais do século XIX instalaram-se na vila armações fixas de pesca da sardinha que vieram alterar as antigas características piscatórias, mas que tiveram um papel sócio-económico importante, chegando a empregar, só na faina do mar, à volta de 500 homens.
Mas se a vila deixou ao longo do século XIX de ser um entreposto comercial, nunca perdeu a visita de "forasteiros", desta vez deveraneantes que passaram a procurá-la devido às suas características climáticas e ao alto teor de iodo das suas praias. Charles Lepierre, engenheiro químico, considerou-as, há cinquenta anos, como "o fulcro da maior concentração de iodo de toda a costa portuguesa". Hoje, a Ericeira continua a ser uma das zonas do litoral do país mais procuradas para banhos.
Em 1958 depois de fartos do elevado número de tragédias ocorridas na Ericeira, uma comissão de moradores reuniu-se com o Ministro, Eng. Arantes e Oliveira para a construção de um molhe. A construção deste apenas começou em 1973, mas desde cedo o seu desenho foi criticado pelos pescadores por estar na zona de pancada do mar, onde a força da rebentação é mais forte. Isto veio a ser demonstrado, quando em 1977 o mar partiu o molhe em dois, seguido de muitos outros estragos ao longo dos tempos. Um desses estragos levou à queda do farol que havia sido instalado na ponta do molhe.
O episódio da fuga de D. Manuel II para o exílio, da Praia dos Pescadores, na Ericeira, tornou-se num marco da história da vila no últimoséculo. Eram cerca das 15 horas do dia 5 de Outubro de 1910 quando D. Manuel II, então com vinte anos, acompanhado da mãe, a rainha D. Amélia, e da avó, a Rainha D. Maria Pia, vindos de Mafra, surgiram de automóvel na vila para embarcarem no Iate D. Amélia, fugidos da revolução republicana que estalara na véspera em Lisboa. Os pormenores do que se passou naquele dia na Ericeira são-nos relatados por Júlio Ivo, presidente da Câmara Municipal de Mafra no tempo de Sidónio Pais, e que em 1928 inquiriu a população da vila:"(…) os automóveis pararam e apeou-se a família real, seguindo da rua do Norte para a rua de Baixo, pela estreita travessa que liga as duas ruas, em frente quase da travessa da Estrela (…) Ao entrar na rua de Baixo, a Família Real ia na seguinte ordem: na frente El-ReiD. Manuel; a seguir, D. Maria Pia, depois, D. Amélia (…) El-Rei e quem os acompanhava subiram para a barca, valendo-se de caixotes e cestos de peixe (…) O sinaleiro fez sinal com o chapéu, e a primeira barca, Bomfim, levando a bandeira azul e branca na popa, entrou na água e seguiu a remos, conduzindo El-Rei (…)
A afluência nas ribas era imensa. Tudo silencioso, mas de muitos olhos corriam lágrimas (…) El-Rei ia muito pálido, D. Amélia com ânimo, D. Maria Pia, acabrunhada (…) Ainda as barcas não tinham atracado ao iate, apareceu na vila, vindo do lado de Sintra, um automóvel com revolucionários civis, armados de carabinas e munidos de bombas, que disseram ser para atirar para a praia se tivessem chegado a tempo do embarque (…)".
O turismo desempenha um papel fundamental na vida e na economia da Ericeira. Sendo a única reserva mundial de surf na Europa e a terceira no mundo, a freguesia é conhecida mundialmente pelas condições ideias para a prática de surf e bodyboard, em particular nas praias da Foz do Lisandro e de Ribeira D'Ilhas, tendo nesta última passado uma das etapas do ASP World Tour. Nos últimos anos tem-se assistido ao aumento de instalações de apoio à pratica destes desportos, desde centros de treino, hostels para surfistas, entre outro tipo de infra-estruturas.
A vila beneficia da sua proximidade à cidade de Lisboa e também da construção da auto-estrada A21, sendo o local ideal, para milhares de pessoas que moram na capital e arredores da mesma, passarem o fim-de-semana, aproveitando a óptima gastronomia local e a tranquilidade da pitoresca vila e fugir das sempre cheias praias da Costa da Caparica e da Linha de Cascais.
O Sumol Summer Fest, maior evento de música reggae do país, realiza-se todos os anos no Ericeira Camping, no mês de Junho, trazendo milhares de pessoas, maioritariamente jovens, à Ericeira.
As praias e os pesqueiros, bem assim como o património monumental e o gastronómico, com base numa variedade de peixes e mariscos, constituem os seus maiores atractivos.
- Edifício na Praça da República, edifício onde funcionou o Café Arcadas, e onde, actualmente, funciona a Junta de Turismo da Ericeira
- Zona envolvente do Forte de Milreu ou Forte de São Pedro
- Forte de Nossa Senhora da Natividade
- Igreja Paroquial de São Pedro da Ericeira
- Pelourinho da Ericeira
- Capela de São Sebastião (Ericeira)
- Capela de Nossa Senhora das Necessidades e Santa Marta
- Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e Santo António
- Capela de Nossa Senhora do Rosário da Misericórdia
Festas e romarias
Festa de S. Sebastião (Domingo mais próximo de dia 20 de Janeiro)
- Festa de S. Vicente (22 de Janeiro)
- Procissão do Sr. Morto (Sexta-feita Santa)
- Festa de S. Pedro (Padroeiro), (28 de Junho)
- Feira de Santiago ou dos Alhos (25 de Julho), (actualmente só se realiza a feira dos alhos, a de Santiago foi extinta pela Junta de Freguesia)
- Festa da N. Sr.ª da Boa Viagem (3º Domingo de Agosto)
- Festa do Sagrado Coração De Jesus (Agosto)
- Festa da N. Sr.ª da Conceição (8 de Dezembro)
- Festa da N. Sr.ª da Nazaré (realiza-se de 17 em 17 anos; a próxima será em 2016)
- Festival de Surf na Praia da Ribeira d'Ilhas
- Festa de consagração como reserva mundial do surf
- Em Agosto de 2011 foi realizada a festa de bacalhau
Dominada a Sul pela Serra de Sintra, a Ericeira tem a seus pés quatro praias banhadas pelo Atlântico. Esta privilegiada localização leva a que a vila receba milhares de veraneantes, à procura do Sol, das praias, da imensa beleza paisagística. |
Reza a lenda que o nome Ericeira significa, na origem, "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. No entanto, investigações mais recentes apontam o ouriço caixeiro e não o do mar como inspirador do nome. Com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da Vila, hoje no Arquivo-Museu da Misericórdia, confirmou-se que o animal ali desenhado é, de facto, um ouriço caixeiro, espécie que evoca a deusa fenícia Astarte. O que dá razão à tese anteriormente avançada por Manuel Gandra, segundo a qual a origem do povo da Ericeira remonta aos fenícios.
A história da Ericeira remonta, assim, a cerca de 1000 a.C. O seu primeiro foral data de 1229, concedido pelo então Grão-Mestre da Ordem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro, que assim instituiu o Concelho da Ericeira.
É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira, estando bem presente o cuidado do legislador em acautelar os direitos e deveres dos que se encontravam sujeitos às tutelas dos donatários:"(...) Quanto aos pescadores, dêem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no. Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte. De toninhas e delfins sem impedimento, em ocasiões de fome (...)".
No século XIII, a baleia, toninha e delfim eram as espécies mais pescadas, tendo dado lugar, já no século XVI, à raia, ao rodo valho e à pescada. Em 1547, D. João III concede aos pescadores ericeirences a permissão de venderem o peixe "a olho" e não "a peso", costume que ainda há 30 anos se mantinha.
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Novas cartas de foro concedidas por D. Afonso IV, em 1369, e por D. Manuel I em 1513, vieram nobilitar a vila concelhia, doada pelo mesmo D. Manuel ao infante D. Luis e por este ao seu filho natural D. António, prior do Crato, forte opositor à tomada do poder real por Filipe II de Espanha. Em 1589, no Forte de Milreu, D. António fez uma gorada tentativa de desembarque de tropas com o objectivo de conquistar o poder.
Quatro anos mais tarde dá-se um episódio que ficou conhecido por "o Rei da Ericeira": um jovem ermitão da Capela de S. Julião, a sul da Ericeira, faz-se passar por D. Sebastião, o rei vencido em Alcácer Quibir, coroa a mulher como rainha, distribui benesses e castigos e concede títulos de nobreza. Acaba na guilhotina e os seus apoiantes nas galés.
Em 1855, na sequência de uma reordenação administrativa do território, a Ericeira deixou de ser concelho para ficar na dependência de Mafra, sede concelhia até aos dias de hoje.
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Deve-se ao porto da Ericeira o desenvolvimento da vila, noutros tempos habitada quase só por gente do mar, que formou durante muitos séculos um grupo étnico-geográfico denominado jagoz, diferenciado dos restantes habitantes da região Saloia. O movimento comercial do porto da Ericeira tornou-o num pólo fundamental da economia da região. Relatos datados de 1834 dão conta de que nesse ano ali fundearam 175 embarcações, que ora transportavam produtos para a vila - principalmente cereais - que de ali eram distribuídos para o interior do país, ora os exportavam para os portos do Algarve, ilhas e outros - especialmente vinhos e seus derivados.
A Alfândega da Ericeira abrangia então uma área que se estendia de Cascais à Figueira da Foz, sendo o seu porto considerado o quarto mais importante do país, atrás dos de Lisboa, Porto e Setúbal. Com a construção do caminho-de-ferro do Oeste e o desenvolvimento dos transportes terrestres, o porto da Ericeira foi perdendo importância. Nos finais do século XIX instalaram-se na vila armações fixas de pesca da sardinha que vieram alterar as antigas características piscatórias, mas que tiveram um papel sócio-económico importante, chegando a empregar, só na faina do mar, à volta de 500 homens.
Mas se a vila deixou ao longo do século XIX de ser um entreposto comercial, nunca perdeu a visita de "forasteiros", desta vez de veraneantes que passaram a procurá-la devido às suas características climáticas e ao alto teor de iodo das suas praias. Charles Lepierre, engenheiro químico, considerou-as, há 50 anos, como "o fulcro da maior concentração de iodo de toda a costa portuguesa". Hoje, a Ericeira continua a ser uma das zonas do litoral do país mais procuradas para banhos.
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O episódio da fuga de D. Manuel II para o exílio, da Praia dos Pescadores, na Ericeira, tornou-se num marco da história da vila no último século. Eram cerca das 15 horas do dia 5 de Outubro de 1910 quando D. Manuel II, então com 20 anos, acompanhado da mãe, a rainha D. Amélia, e da avó, a Rainha D.Maria Pia, vindos de Mafra, surgiram de automóvel na vila para embarcarem no Iate D. Amélia, fugidos da revolução republicana que estalara na véspera em Lisboa. Os pormenores do que se passou naquele dia na Ericeira são-nos relatados por Júlio Ivo, presidente da Câmara Municipal de Mafra no tempo de Sidónio Pais, e que em 1928 inquiriu a população da vila:"(...) os automóveis pararam e apeou-se a Família Real, seguindo da rua do Norte para a rua de Baixo, pela estreita travessa que liga as duas ruas, em frente quase da travessa da Estrela (...) Ao entrar na rua de Baixo, a Família Real ia na seguinte ordem: na frente El-Rei D. Manuel; a seguir, D. Maria Pia, depois, D. Amélia (...) El-Rei e quem os acompanhava subiram para a barca, valendo-se de caixotes e cestos de peixe (...) O sinaleiro fez sinal com o chapéu, e a primeira barca, Bomfim, levando a bandeira azul e branca na popa, entrou na água e seguiu a remos, conduzindo El-Rei (...)
A afluência nas Ribas era imensa. Tudo silencioso, mas de muitos olhos corriam lágrimas (...) El-Rei ia muito pálido, D Amélia com ânimo, D. Maria Pia, acabrunhada (...) Ainda as barcas não tinham atracado ao iate, apareceu na vila, vindo do lado de Sintra, um automóvel com revolucionários civis, armados de carabinas e munidos de bombas, que disseram ser para atirar para a praia se tivessem chegado a tempo do embarque (...)".
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Localizada no extremo Norte da Vila, sobre as ribas que dão para o mar, a ermida de São Sebastião apresenta uma forma hexagonal e de cúpula em gomos. O interior é totalmente revestido a azulejos polícromos, com motivos florais e geométricos, tratando-se de uma verdadeira jóia da azulejaria seiscentista. Desconhecendo-se a data concreta da sua edificação, a ermida surge mencionada num documento datado de 17 de Setembro de 1567, no qual é feito o pedido de "alevamtar altar na irmida de Sam Sebastiam pera se nela dezer missas e se celebrarem outros ofícios devinos". Em 1678 era manifestada a necessidade de reedificar a estrutura já existente, tendo sido por essa altura acrescentado o espaço que hoje compõe o altar e sacristias. O retábulo do altar, em mármores embutidos de diversas cores, ao gosto italiano, apresenta uma imagem do mártir S. Sebastião, já do século XVIII. A ermida surge diversas vezes citada nos registos de visitações paroquiais por se encontrar devassada e nela se abrigarem mendigos, e, aos dias santos, se fazerem bailes e banquetes pelos membros da confraria de S. Sebastião - formada apenas por rapazes solteiros -, o que foi proibido terminantemente na visitação de 1702.
De acordo com investigações levadas a cabo pelo historiador Sérgio Gorjão, a ermida deveria ser mais um local de encontro e confraternização do que propriamente um lugar com vocação para o culto, o que se torna compreensível à luz do ambiente cultural e religioso da época, em que as festas do calendário litúrgico eram a base fulcral das actividades de recreio e diversão. Será esta uma explicação razoável para o facto de o templo ser tão ricamente ornamentado, apesar de se encontrar tão afastado do burgo.
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