terça-feira, 30 de julho de 2013

São Miguel de Alcainça


Alcainça é um topónimo de origem árabe que significa "mosteiro". Por essa razão, pensa-se que, antes de este território ter passado para a coroa portuguesa, aqui tenha existido um mosteiro cristão tolerado pelo poder islâmico dominante. Desse passado moçárabe não chegou até nós qualquer vestígio monumental, apenas um pequeno fragmento de pilastra, de qualidade artística mediana, mas revelador da importância medieval da povoação.

O facto de terem existido duas Alcainças (a Pequena e a Grande, ainda confirmadas toponimicamente nos dias de hoje) pressupõe que, em algum momento da sua história, a localidade tenha tido duas comunidades distintas. Em 1270, a Ordem do Templo possuía dois casais em Alcainça Pequena, assumindo-se que a povoação principal estivesse concentrada em Alcainça Grande, onde se situava a igreja Matriz e o principal núcleo habitacional.

Durante muito tempo vinculada ao concelho de Sintra, a localidade foi integrada no município mafrense nas reformas do século XIX e como lugar da freguesia da Malveira desde 1923. Autonomizou-se desta última em 1985, ocupando um lugar central na rede viária local até à abertura da auto-estrada, na medida em que constituía a principal localidade entre Mafra e Malveira, fazendo-se também aqui a ligação a Mafra-Gare.

Destaca-se a Igreja de D. Miguel sendo o mais antigo documento relativo à igreja datado de 1270. Nas décadas centrais do século XVII, o conjunto herdado da época medieval foi substancialmente alterado, dele restando, apenas e aparentemente, parte da capela de S. Silvestre. A derradeira campanha de obras ocorreu no século XIX.

A capela do Espírito Santo foi construída nos inícios do século XVI e tem a particularidade de possuir um dos mais importantes portais manuelinos do concelho, tipologicamente aparentado com o da capela homónima da Enxara do Bispo, mas de superior qualidade artística e maior alcance simbólico, uma vez que ilustra as três Idades do Homem e o advento do Espírito Santo.

Para além das Festas de Nossa Senhora da Nazaré, de 17 em 17 anos, realizam-se anualmente festividades em honra de S. Miguel, em Setembro.

JUNTA DA FREGUESIA DE SÃO MIGUEL DE ALCAINÇA

Rua da Junta Freguesia,7
2640-700 São Miguel de Alcainça
Telef.: 219662036
Fax: 219668790
e-mail: jfalcainca@mail.telepac.pt 
Site: http://jfsmalcainca.pt
Freguesia de São Miguel de Alcainça

Como apresentação da Nossa Freguesia transcreve-mos na integra um texto relativo a Alcainça, localidade sede da Freguesia, e incluído na obra intitulada “Monografia de Mafra”, editado pela então Comissão Municipal de Turismo e da autoria de Armando de Lucena, este documento não tem data de publicação mas foi escrito com toda a certeza antes de Setembro de mil novecentos e oitenta e quatro. Apesar de ser um texto já com alguns anos, parece-nos uma forma interessante de apresentar a Nossa Terra, tal como o seu autor na nota introdutória do mesmo escreve: “O programa, pois, desta singela publicação visa, efectivamente, satisfazer, na medida do possível, o desejo de quantos nos visitam em procura de novas sensações, mas de qualquer maneira chamar, também, a atenção para as existências do foro cultural das artes maiores e de certas belezas turísticas…”, procura também esta Junta de Freguesia, através desta página na internet dar informação útil aos moradores nesta Freguesia para o seu dia-a-dia como também a quem quer que seja e, até talvez, morador nos nossos antípodas ficar a conhecer melhor a nossa realidade e até, quem sabe, despertar o desejo de um conhecimento mais aprofundado da nossa cultura a algum turista que esteja a planear uma viagem. 


“Quem faz turismo com a rapidez vertiginosa dos nossos dias, deixa, muitas vezes, de apreciar o que lhe convinha saber e conhecer o que lhe importava não ignorar. Assim pode acontecer, se, depois de partirmos de Mafra com destino à Malveira, não repararmos na pequena aldeia que, a meio deste itinerário, se encontra à beira da estrada. Da banda do Norte, sobre uma encosta, levemente bronzeada pelo vinhedo que no Outono a matiza, salienta-se a igreja paroquial de S. Miguel de Alcainça, relíquia sobrevivente do séc. XII ou XIII, transformada por várias adaptações e enxertos que vêem desde 1624 até 1882. 
O volume frondoso dos plátanos envolve com doçura própria da sua incomparável sombra os contornos singelos da igreja. Uma única nave. Além da capela-mor, mais duas situadas no Cruzeiro; uma delas instituída pelo padre Vicente Annes Frois. No corpo interior da igreja existe um revestimento de azulejos, com imagens de S. Francisco e de S. Silvestre, apreciáveis documentos da nossa iconografia religiosa. A par disto, merecem especial atenção as duas espécies de escultura medieval que ali se encontram. Uma representa Santa Catarina identificada pelos seus dois atributos: o «gládio» - símbolo da palavra divina e a «roda de navalhas» - implacável instrumento do seu martírio. Coroada como as «Virgens» de Diogo Pires – o Velho, a imagem de Santa Catarina, afasta-se dela pela expressão rígida do cabelo. Iconograficamente, segue a toada de mestre João Afonso: «roda de seis raios», «espada joanina», etc.. 
A outra imagem é uma plácida evocação da «Virgem com o Menino». Absolvido o seu autor da manifesta desproporção da coroa com o resto da figura a obra revela, no entanto, invulgar sobriedade na composição da roupagem. 
De qualquer modo, esta parelha de imagens pode, por direito próprio, agrupar-se junto de tantas outras pertencentes ao nosso património artístico. 



São Miguel de Alcainça é uma freguesia portuguesa do concelho de Mafra, com 6,92 km² de área e 1 764 habitantes (2011). Densidade: 254,9 hab/km².
O seu nome demonstra a sua antiguidade: deriva do árabe al-kanisa, isto é, «igreja».

Igreja Paroquial de São Miguel

Em 1946, o pórtico da Igreja Paroquial foi classificado como Monumento Nacional. 

Este templo, um dos mais antigos do concelho de Mafra, terá sido edificado por volta do século XIV, mediante o patrocínio do Padre Vicente Anes Fróis. e é praticamente contemporâneo das actuais configurações de Santo André de Mafra (atribuível às décadas de trinta e quarenta do século XIV) e da Igreja Paroquial de Cheleiros (atyribuível aos primeiros anos do século XIV). 

Apesar desta antiguidade, o actual templo não apresenta quaisquer vestígios deste período, em grande parte devido às sucessivas reformulações a que foi sujeito. 
Na actualidade, apenas uma capela lateral, de índole funerária, pode ser atribuida ao período medieval, mais concretamente ao ano de 1401, segundo uma inscrição seiscentista conservada na parede. Trata-se claro da capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Esta apresenta um revestimento azulejar seiscentista, um retábulo de talha dourada enquadrado no barroco, um portal de acesso, de arco quebrado, e dosi túmulos adossados à parede lateral, de arca lisa e perfil trapezoidal, um dos quais contendo uma legenda epigrafada alusiva ao instituidor da capela. 

Na época moderna, foram muitas as alterações efectuadas no templo, que desfiguraram, por completo, a sua traça original. 

No período medieval actualizou-se em particular os elementos de uso litúrgico, nomeadamente a pia baptismal oitavada e a pia de água benta. Estas duas pias são testemunhas fundamentais da importância atribuída pela campanha de obras executada em inícios do século XVI àq actualização dos principais aspectos devocionais do edifício. 

Mas as obras mais importantes aconteceram durante o período barroco. Estas consistiram fundamentalmente na execução do revestimento parietal azulejar, de padrão geométrico e vegetalista; na redefinição de todo o espaço interior, inclusive do retábulo-mor definido por pilastras que encimam um frontão triangular, e ladeado por dois nichos de arco de volta perfeita; e na execução da fachada principal, com o seu portal recto sobrepujado por um janelão rectangular. 

No exterior, adossada À frontaria pelo lado norte, conserva-se uma torre sineira de scção quadrangular, cujos arcos sineiros estão a pleno centro. 

Outra obra importante terá sido o arco triunfal, cuja construção se documentaa partir de 1763, ano em que um visitador pediu aos "administradores das Confrarias" que ajudassem "a fazer o arco da capela-mor, mais levantado e de lioz". 

A campanha pós-terramoto pautou-se por uma clara economia de meios. 

In "Mafra Memórias, Identidades e Inovação..." Héstia Editores, Página 81. 
Fotografia cedida por Rui Ricardo dos Santos Jorge.

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